Por
Wesley Oliveira (*)
O
Brasil é atualmente o segundo maior produtor mundial de carne bovina, ficando
atrás apenas dos Estados Unidos (EUA). Dados para anos mais recentes mostram
que a produção brasileira apresenta taxa de variação anual um pouco maior que a
estadunidense, o que levaria a especular, mantendo-se a tendência recente, que
o Brasil ultrapassaria a produção do referido país em um futuro não muito longínquo.
Vale observar que empresas brasileiras do setor estão se internacionalizando, como
o caso da JBF.
A
análise das exportações de bovinos tem importância dupla: i) é o segundo principal
produto do ranking das vendas ao exterior paraense; ii) é central a necessidade
de explicitar que, embora os produtos minerais sejam disparadamente os
destaques, existem outros produtos primários na pauta exportadora paraense.
Produção
de carne bovina – Brasil e Estados Unidos, 2005-2011
Fonte: ABIEC
(2012).
(*)
Estimativa.
Em
termos de participação relativa, os Estados Unidos eram responsáveis por 20,1%
da produção mundial de carne bovina em 2005, alcançando 20,8% em 2011; já o
Brasil participava no mercado mundial, considerando os mesmos anos, com os
percentuais de 15,6% e 17%, segundo os dados da Associação Brasileira das
Indústrias Exportadores de Carnes (ABIEC).
Na
atualidade (2012), o Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina,
seguido pelos Estados Unidos. Só em 2011 o Brasil exportou aproximadamente US$
5,4 bilhões em carne bovina (in natura, industrializada, tripas, miúdos e
salgada), um aumento de 12% em relação ao ano anterior, conforme apresentado em
relatório da ABIEC.
Aspecto
central referente à exportação bovina é a saída de animais vivos para o
exterior, mais especificamente de boi vivo (considera-se bovino e búfalo). É um
ponto central porque envolve diretamente a Amazônia, mais especificamente o Estado
do Pará.
As exportações brasileiras de bovino vivo,
embora não sendo centrais em relação ao total das exportações do país,
apresenta números importantes. Enquanto
no ano de 2000 o Brasil exportou US$ 232,5 mil em animais vivos, já em 2011 o
valor foi de US$ 444,8 milhões (ou 0,17% do total exportado no referido ano).
O Pará é
a principal unidade federativa exportadora de bovinos vivos, conforme
apresentado no gráfico abaixo, sendo responsável por mais de 95% das
atuais exportações de bovinos vivos do país.
Exportações
de bovinos vivos do Brasil e participação do Pará nas exportações do produto,
2000-2011
Fonte: MDIC (2012). Elaboração própria.
Apesar
da relativa menor influência nas exportações do Estado do Pará, com sua pauta
exportadora centrada na mineração, o bovino vivo vem ganhando espaço nas
exportações do estado e do país. Em 2005 as vendas ao exterior de bovinos vivos
do Pará representavam 0,3% da sua pauta, enquanto em 2011 o percentual atingiu
2,3%. Os destinos das exportações de bovinos vivos do Pará em 2011 são apenas
dois: Venezuela (83,8%) e Líbano (16,22%). Ainda para 2011, a quantidade de bovino
exportado foi de 384.056 unidades (cabeças), totalizando US$ 428,9 milhões. De
janeiro a setembro de 2012, o valor exportador já atingiu US$ 415 milhões.
Vale
observar que, tal como a mineração, a exportação de bovino vivo é forte sinal
da subordinação histórica do Pará e da região amazônica a um padrão cíclico da
economia-mundo capitalista, cuja ruptura é uma condicionalidade não somente
local, mas, sobretudo, nacional.
(*) Economista. O autor agradece ao prof. José Raimundo Trindade (PPGE/UFPA) por seus comentários.